quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Me ligava

...todas as tardes para mandar um alô, me fazia subir pelas paredes e gastar todas as moedas que juntara por uma vida toda. Era traiçoeira, e sabia me ganhar como ninguém. Além de tudo me roubava as tardes de sol, e as noites chuvosas que batiam com tudo no telhado me fazendo sentir menos sozinha. A mandava embora, a chutava, mas de tão teimosa, sempre voltava com o rabo entre as pernas, sorrindo falsamente, fingindo que dessa vez, vinha só pra passar um final de semana, mas acabava passando finais de semana eternos. Era a saudade, ou era a solidão. Coisa que só é bonita quando escrita.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Caminhava..

sozinha porque ninguém 
queria acompanhá-la em seus passos pesados, vestia sua sapatilha preferida e ia delicada em busca de algo que não queria, mas ansiava. Tinha tempo, tinha carinho, tinha amor, mas não tinha ninguém, o que era demasiado irônico. O tempo era palpável, sujo, pesado, doía vê-lo passar, mas de qualquer jeito, ele passava. Feito carro na estrada, feito gaivotas no céu, feito gente na faixa de pedestre. Caminhava sozinha porque naquele disco, não houve participações especiais.

sábado, 3 de setembro de 2011

Puzzle

Então bate a saudade, de ser quente, de viver, de amar, se perder. Aquela saudade que rasga meu peito… Essa saudade, que eu não aguento, não suporto, não aceito. Mas olhar para trás agora, virou um crime; desejar o passado, um pecado; te amar de novo, uma dor. Tenho que aceitar, admitir que acabou! Chegou aquela hora que eu tanto esperava. Mas cadê? Cade aquele alivio que eu esperava sentir? Pois é, não era mesmo, de se esperar ficar aliviado quando se perde o coração. Acaba sendo difícil aceitar-se assim, fria, como a chuva. Literalmente como a chuva. Tanto posso vir para irrigar a terra, como para fazer tragédia. Sou, agora, indecifrável. Nova. Nem boa, nem má. Um quebra cabeça.